Homenagem e Gratidão aos Cuidadores

Obrigada Gou, representados por Você,  Homenagem a todos os Cuidadores:

Ser cuidador é transmitir amor.

Hoje, percebo o quanto é difícil cuidar. Para minha sorte, e acredito, mais que sorte benção de Deus, meu cuidador é o meu amor. Fui diagnosticada em junho de 2009, de lá para cá, eu e o Gou (meu marido e cuidador), já passamos momentos muito difíceis. Hoje, nos permitimos gargalhar, brigar, sofrer, ter medo, esperança, falar da morte e da vida. Mas muitos são os momentos em que me pergunto: “Se eu fosse a cuidadora do Gou, mesmo o amando tanto, eu cuidaria dele com tanta paciência e carinho como ele cuida de mim? Não tenho uma resposta pronta. Ser paciente e ser cuidada, são coisas que estou aprendendo no dia a dia, mas o Gou, parece que já nasceu sabendo ser cuidador. Prefiro ele assim, saudável, com saúde e me ajudando a restabelecer a minha. Mais que aprender a conviver com um câncer incurável, que pode me matar, estou aprendendo que eu não me conhecia, eu não sabia quais as minhas limitações para o AMOR. Percebi isto, quando no dia que voltei do hospital, não consegui segurar o vômito e vomitei no chão, nos pés do Gou. Ele, com toda a doçura do mundo disse para eu ficar calma, me levou até o banheiro, ajudou a me limpar, depois me colocou na cama, e foi limpar meu vômito. Eu pedi desculpas, ele olhou nos meus olhos e disse firmemente: “Meu amor, nunca mais me peça desculpas, enquanto você estiver se recuperando, combinado?”

O(a) cuidador(a) tem uma função primordial na vida de um paciente: Manter o paciente vivo, com esperança, fazê-lo sentir-se gente. Seja marido, irmão, vizinho, pai, mãe, enfermeiro, amigo, desconhecido: O(a) cuidador(a) é o  elo entre o mundo e o paciente.

Agradeço a Deus o Gou em minha vida. Não é fácil estar vomitando, com diarréia, careca, com mucosite, sentindo dores, sem forças para levantar da cama. Ter alguém que nos olha com carinho, nos toca com amor, nos escuta, chora junto, ri junto, reza junto, é uma dádiva.

Talvez aqui, eu só possa dizer que não sei se estaria viva, se não fossem os cuidados do meu cuidador. Mas penso só um cuidador pode dizer o que é ser um. Eu posso até assustá-los com o que vou dizer, mas prefiro ser paciente a ser cuidadora. Muitas vezes já pensei nisso. Não consigo me imaginar, vendo a pessoa que mais amo sofrendo, doente, e eu, muitas vezes impotente, sem poder suprimir aquela dor. Prefiro o Gou com saúde, mas nunca gostaria de estar no lugar dele, deve ser muito difícil. Quando tive o diagnóstico, ele “definhou”, tinha mais aparência de doente que eu. Chegava do trabalho com os olhos vermelhos de tanto chorar, nunca mais foi  o mesmo. Quando tive o Herpes, pós TMO, eu tinha tanta dor, que a morfina não fazia o menor efeito.

Aquela dor doía no meu cuidador.

Então, mais que imprescindível na vida de um paciente, o cuidador é alguém que precisa ser cuidado ou corre grande risco de adoecer junto.

Porque sofrer, já sofre.

Com carinho,

Gimeni Alkmim.