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sábado, 23 de junho de 2012

Como ajudar um Paciente com Câncer


QUANDO UM FAMILIAR SEU SOFRE DE CÂNCER


Os familiares dos doentes diagnosticados com câncer também necessitam de ajuda emocional. Estudos revelam que esta doença afeta não só a vida dos doentes, que sofre alterações em todos os domínios, físico, psicológico e social, mas também a dos seus familiares mais próximos. Esta mudança tem, naturalmente, implicações psicológicas consideráveis.

A dimensão e o significado dessa mudança dependerão:

    Da pessoa diagnosticada com câncer, por exemplo, irmão/irmã, marido ou mulher, filho/a ou um dos progenitores;
    Do tipo de câncer e dos tratamentos implicados;
    Das circunstâncias familiares: se tem pessoas a seu cargo ou não; do número de pessoas do agregado familiar;
    Do seu envolvimento profissional e da disponibilidade para ajudar o familiar em causa;
    Da forma como o doente reage à doença;
    Do modo como os familiares lidam com a natureza incerta da evolução da doença.

Um aspecto a salientar é o fato de o tratamento e a evolução da doença se processarem por etapas às quais os familiares têm de se adaptar. Em determinadas alturas, o doente encontra-se sob tratamento médico mais intenso ou está internado e noutras está em casa ou até a trabalhar. Cada uma destas etapas exige competências e níveis de disponibilidade diferentes por parte dos familiares do doente.

Em geral, os doentes com câncer apresentam períodos de tranquilidade intercalados com períodos de crise, em que podem manifestar reações de ansiedade e depressão. Estas crises acontecem geralmente de forma repentina e inesperada, pelo que os seus familiares devem estar cientes da sua possível ocorrência de forma a estarem preparados para lidar com a situação.

NATUREZA INCERTA DA EVOLUÇÃO DA DOENÇA

A incerteza da evolução da doença é um dos aspectos que mais perturba os familiares:

    Será que a doença pode ser curada?
    O doente vai sofrer muito?
    Como podemos ajudá-la/o?

De fato, é muito frequente os familiares colocarem estas questões para as quais não existe uma resposta simples. O câncer é uma doença cuja evolução varia consideravelmente dependendo, por exemplo, do tipo de tumor e das características do próprio doente.

Sugestões

    Para evitar interpretações erróneas ou distorcidas quanto à forma como a doença evolui, recomenda-se o acompanhamento do doente nas consultas médicas, para que se mantenha informado e tenha uma visão realista da doença, aspectos fundamentais para poder ajudar o seu familiar.

    Evite criar ideias preconcebidas e distorcidas sobre o processo da doença. A sua reação emocional baseia-se nas suas percepções, naquilo em que acredita. Se a sua atitude for muito negativa e pessimista, não correspondendo à realidade, terá mais dificuldade em ajudar o seu familiar. Sempre que tiver dúvidas deve consultar a equipe médica!
O SEU PAPEL COMO FAMILIAR

O seu papel na ajuda emocional ao seu familiar próximo é fundamental para que este se sinta apoiado e reconfortado. O seu apoio constitui uma espécie de tónico para motivar o doente a continuar os tratamentos.
O tipo e relevância do apoio que pode dar ao seu familiar são únicos e diferentes dos proporcionados pelos amigos ou profissionais de saúde.

O papel do familiar é fundamental para dar conforto e inspirar confiança ao doente. Por exemplo, em estudos sobre a adaptação psicológica de mulheres com câncer da mama, verificou-se melhor adaptação das doentes quando os familiares mais próximos exibiam ou permitiam maior expressividade emocional e ocorriam menos conflitos interpessoais no seio familiar.

O que fazer para não criar um nível de stress muito elevado que só prejudica o doente?

Sugestões

        Em primeiro lugar, é importante informar-se sobre o tipo de câncer do seu familiar, os tratamentos a que será submetido e a evolução provável. Quanto mais informações tiver sobre a doença menor é a probabilidade de interpretações erradas, pelo que se recomenda que fale sempre com a equipe médica e acompanhe o seu familiar nas consultas, caso ambos concordem. Alguns doentes referem que gostariam muito que os seus cônjuges os acompanhassem às consultas e lamentam quando tal não acontece.

        A sua participação ativa e a obtenção de informações sobre a doença permitirão perceber que o câncer não conduz necessariamente à morte. Há pessoas que, erradamente, pensam que o câncer é uma doença contagiosa receando “apanhá-la” por via do contato com os doentes. Esta ideia errada é altamente prejudicial, sobretudo no relacionamento com o doente.

        Ter um doente com câncer na família pode também implicar alguns ajustes a nível financeiro. Do mesmo modo, as rotinas do dia-a-dia, tais como fazer as compras, cozinhar, acompanhar os filhos, são tarefas que podem ficar comprometidas se não houver ajuda da sua parte. Pode implicar também na reorganização das tarefas diárias.

O SEU CÔNJUGE SOFRE DE CANCER

Se o seu cônjuge sofrer de câncer é natural que possa sentir-se tão mal quanto ele. Estudos mostram que ambos os membros do casal sofrem emocionalmente quando um deles tem câncer. Algumas pessoas chegam a duvidar se terão capacidade para ajudar o cônjuge durante a sua doença.
Após o diagnóstico de câncer, o cônjuge deve assumir um novo papel: o de cuidador, isto é, a pessoa que nos períodos em que o doente apresenta maiores dificuldades e limitação da sua autonomia tentará superar esses obstáculos e prestar apoio emocional.

Prestar apoio emocional significa:

        Mostrar tolerância perante a menor disponibilidade do cônjuge
        Mostrar empatia com as suas dificuldades e sofrimento, ser empático significa colocar-se no lugar do doente e tentar avaliar as dificuldades do seu ponto de vista (em regra, uma atitude empática é o melhor remédio para o sofrimento e um “medicamento” sem efeitos secundários nem custos financeiros!).
        Comunicar eficazmente com o cônjuge, tentar perceber as suas dificuldades, clarificar o que não entender para que não haja equívocos (“É isto que queres dizer?").
        Se viver com mais pessoas para além do seu cônjuge (filhos, sogros, etc.) deve organizar e estabelecer o papel e as tarefas de cada um na ajuda ao doente. Não queira fazer tudo e, sobretudo, não pretenda ser um cuidador perfeito. É fundamental que também cuide de si próprio.
        Expor as suas dúvidas a equipe médica e, na medida do possível, acompanhar o processo clínico do doente.
        Ajudar o cônjuge a tomar decisões sobre as opções de tratamento, conversando com ele, ouvindo-o, procurando clarificar aspectos menos claros.
        Partilhar com o doente as informações obtidas sobre a sua doença.
        Esperar pelo momento ideal para conversar com o doente sobre os seus sentimentos e medos. Deve deixar bem claro que estará sempre disponível para ouvi-lo.

O doente precisa do seu apoio e de partilhar consigo a sua experiência em termos da doença. Em seguida,  serão apresentados os testemunhos de duas mulheres com câncer da mama, submetidas à remoção total ou parcial da mama..

       “Tenho muito medo de uma rejeição física e psicológica por parte do meu marido”

        “O meu marido deu-me muito tempo e espaço, nunca me pressionou para ver os meus peitos ou para termos relações sexuais. Mostrou-se muito aberto, o que me deu tempo para me restabelecer e criar as minhas defesas. Entretanto, conversámos e definimos a melhor forma de termos relações sexuais.”

Estes testemunhos ilustram, por um lado, os receios que os doentes podem sentir e, por outro, a importância dos familiares mais próximos no decurso da doença.

Assim, embora também se trate de uma situação difícil para o cuidador, é importante mostrar compreensão e empatia pelo que o doente está a passar, conversar sobre os seus medos e receios e prestar-lhe apoio emocional.
Os homens também manifestam os mesmos receios, como se pode observar no testemunho deste doente operado à próstata:

        “Não fico embaraçado quando falo sobre a minha impotência sexual. Curiosamente, as pessoas com quem falo, essas sim ficam atrapalhadas. Recomendo que os homens levem as suas companheiras às consultas, de modo a que possam ouvir, ver e ajudar.”

Este testemunho salienta, igualmente, a importância da participação ativa da companheira, durante o tratamento e nas consultas médicas. Mais uma vez se conclui que, se o cuidador estiver informado sobre a doença terá mais facilidade em ajudar o doente a adaptar-se a esta nova e difícil fase da sua vida. Estudos científicos revelam que, quando ajudamos outras pessoas a nossa autoestima aumenta e sentimo-nos mais realizados.


Ajudar ativamente o seu cônjuge ou outro familiar pode ser a melhor forma de se ajudar a si próprio e contribuir para o seu bem-estar!