O que é Transplante de
Medula Óssea (TMO)?
O
Transplante de Medula Óssea é o procedimento terapêutico através do qual se
realiza a infusão venosa de células progenitoras, ou “células-tronco”, do
tecido hematopoiético, com a finalidade de restabelecer a função medular de
produção dos componentes celulares do sangue, após situações clínicas
caracterizadas pela disfunção da mesma, seja causada por doenças congênitas ou
adquiridas (Anemia de Fanconi ou Anemia Aplásica), seja ela decorrente de um
câncer (Leucemias e Linfomas).
Uma
vez realizada a infusão, as células progenitoras do sistema hematopoiético
farão o repovoamento medular. Tais células se caracterizam por possuir, em sua
superfície, uma molécula protéica chamada CD34 e podem ser obtidas basicamente
de duas fontes: células diretamente aspiradas da medula óssea ou células mobilizadas
do compartimento medular para o sangue periférico.
O
procedimento do transplante de medula óssea compreende as seguintes fases:
Coleta da medula óssea ou
células-tronco periféricas
A
coleta pode ser realizada por meio de intervenção cirúrgica na qual a medula do
doador é extraída diretamente dos ossos ilíacos (um dos ossos que constituem a
cintura pélvica, popularmente conhecida como bacia), ou por meio da coleta do
sangue periférico num processo automatizado chamado aférese de células mononucleadas.
A
cirurgia para extração da medula caracteriza-se pela introdução de uma agulha
especial na crista ilíaca posterior, o que permite aspirar a medula. São feitas
várias punções (introduções da agulha) com o objetivo de se coletar entre 10 e
15ml de medula óssea por Kg de peso do receptor, em um número superior ao
equivalente a 200 milhões de células nucleadas por Kg de peso do receptor. O
material coletado é armazenado em recipientes contendo um meio de cultura
especial e um anticoagulante, o que permite congelá-lo por cerca de 10 anos. A
cirurgia é feita com o doador deitado “de bruços” e sob anestesia geral ou
raquimedular. Sua duração é de cerca de 90 minutos. A recuperação é rápida e o
doador recebe alta após 48 a 72 horas da internação .Veja ilustração:
[Esquema representativo da punção na
crista ilíaca posterior]
Já
na coleta através do sangue periférico, é dado ao doador um medicamento (fator
de crescimento hematopoiético) que faz com que as células-tronco da medula
óssea proliferem e saiam do compartimento medular e circulem no sangue
periférico, de onde são coletadas através da leucoaférese, ou aférese de
células mononucleadas. Neste processo, o sangue do doador é coletado, através
de uma máquina especial, e centrifugado, de modo que há separação das suas
várias frações constituintes (plasma, plaquetas, leucócitos e hemácias). A
fração desejada (leucócitos) é então extraída, enquanto o restante do sangue é
devolvido ao doador.
Nos
casos em que não é feita a infusão das células-tronco logo em seguida ao
procedimento da coleta, ao material coletado adiciona-se uma substância
crioprotetora, que impede o dano às células pelas baixas temperaturas, e a
medula é congelada (entre -80 e -180 graus Celsius).
Coleta de Sangue de Cordão Umbilical
Outra
opção para se obter células para o TMO é o sangue de cordão umbilical. No
parto, após o nascimento da criança ocorre a saída da placenta, que é levada ao
laboratório. Um vaso específico da placenta é então puncionado e o sangue de
cordão é coletado. O sangue de cordão coletado é então congelado. Caso se ache
um receptor será então utilizado como fonte de células progenitoras para TMO.
Condicionamento
A
quimioterapia em altas doses, associada ou não com a radioterapia,
administradas previamente à infusão da medula óssea, têm como objetivos a “erradicação
da medula doente” e a “erradicação do sistema imune” do receptor, para que as
células do doador sejam aceitas, e a “liberação de espaço” para a nova medula.
Existem vários regimes de condicionamento e a toxicidade relacionada a esses
condicionamentos varia de acordo com a combinação de drogas utilizada.
Infusão
Assim
como em uma transfusão de sangue, as células coletadas da medula ou do sangue
periférico são infundidas por uma veia do receptor. Esta infusão geralmente
requer alguns minutos, e o receptor fica sobre monitorização constante dos
sinais vitais (presença de febre, queda na pressão arterial, alterações no
batimento cardíaco ou diminuição da freqüência respiratória). Geralmente, não
ocorrem efeitos colaterais sérios resultantes da infusão, porém algumas vezes
eles aparecem, como aqueles resultantes de reações do receptor ao agente de
crioproteção que foi utilizado no congelamento das células. Entretanto, é
possível tratá-los e completar a infusão.
Quais as etapas do TMO?
É
composto por 4 fases: Condicionamento, Infusão, Aplasia e Recuperação Medular.
No Condicionamento, o paciente é submetido a um tratamento que destrói a
própria medula. Então é feita a Infusão das células progenitoras na corrente
sanguínea, como se fosse uma transfusão de sangue. As células infundidas vão se
alojar na medula óssea, onde se desenvolverão. Mas enquanto elas não são
capazes de produzir as hemácias, leucócitos e plaquetas, o paciente fica em
Aplasia, que é um período onde se encontra mais exposto a infecções e
hemorragias. Na Recuperação Medular, a nova medula já é capaz de produzir
hemácias, leucócitos e plaquetas, garantindo o progressivo retorno das funções
do sangue.
Quais os efeitos indesejáveis mais
comuns durante o TMO?
A
boa evolução depende do estágio da doença, estado geral do paciente, boas
condições nutricionais e clínicas e do doador ideal (no caso de alogênico). Os
principais estão relacionados com os quimioterápicos usados no tratamento e com
o período de Aplasia, onde o paciente fica mais suscetível às infecções.
Portanto, dores pelo corpo, inflamação e lesões na cavidade oral, febre,
náusea, vômito, falta de apetite e diarréia são bem freqüentes.
Com
a recuperação da medula, as novas células crescem com uma nova “memória” e, por
serem células de defesa do organismo, podem reconhecer alguns órgãos do
indivíduo como estranhos. Esta complicação é chamada de Doença do Enxerto
Contra o Hospedeiro.
Quando o paciente recebe alta?
A
alta só é possível quando a medula óssea estiver funcionando adequadamente, ou
seja, produzindo o suficiente para proteção contra infecções e hemorragias.
Quais os principais cuidados durante
o tratamento?
Restrição de visitas, procurando não
entrar em contato com pessoas doentes ou crianças que freqüentam creches e
escolas, ou que foram vacinadas recentemente;
Lavagem das mãos pelo paciente e
acompanhantes, principalmente ao manipular alimentos, após usar o sanitário e
na entrada e saída do quarto durante o período de internação;
Evitar o contato com animais e
plantas;
Realizar rigorosa e freqüente
higiene oral, atentando para lesões orais e utilizando escova com cerdas
macias;
Alimentação cuidadosa, evitando
crus, mal-cozidos e de procedência duvidosa. Durante a internação, nunca
utilizar alimentos que não são servidos pelo hospital.
Cuidados com o cateter venoso
central.
Fonte: Universidade
Federal de São Paulo -Escola Paulista de Medicina
Vídeos Informativos:
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Excelente matéria. Obrigado.
ResponderExcluirEXCELENTE !
ResponderExcluirQue Vocês consigam vencer esta luta.
Maria Zélia Baeta-BH
Estou com uma irmã com este diagnóstico que desistiu do tratamento,quanto sofrimento para as família.
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