Pesquisa avalia eficácia de terapias contra
Mieloma Múltiplo
Por Karina Toledo
Um
estudo multicêntrico realizado por pesquisadores brasileiros mostrou que o uso
combinado dos medicamentos talidomida e dexametasona em pacientes com mieloma
múltiplo submetidos a transplante autólogo de medula óssea foi mais eficaz para
retardar a progressão da doença do que o uso isolado de dexametasona.
Participaram
da pesquisa 213 voluntários atendidos em quatro instituições: Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa
de São Paulo, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade de São
Paulo (USP) em Ribeirão Preto.
Após
27 meses de acompanhamento, 30% dos pacientes que receberam dexametasona ainda
estavam livres da doença. No grupo que recebeu a combinação de talidomida e
dexametasona, o número foi de 64% – mais que o dobro. Os resultados foram
publicados no American Journal of Hematology.
O
mieloma múltiplo é um tipo de câncer que se desenvolve dentro da medula óssea
devido ao crescimento descontrolado dos plasmócitos, células responsáveis pela
produção de anticorpos. A doença prejudica a produção de hemácias, causando
anemia, e favorece a liberação de substâncias que deixam os ossos frágeis.
“Ainda
não existe cura, mas novos tratamentos estão conseguindo retardar cada vez mais
a progressão do câncer. O mieloma, hoje, tem a perspectiva de se tornar uma
doença crônica”, disse Angelo Maiolino, professor da UFRJ e autor principal do
estudo.
O
tratamento atualmente considerado como “padrão-ouro”, explica o pesquisador,
envolve quimioterapia e drogas antineoplásicas como o bortezomibe, além de
transplante autólogo de medula óssea – aquele feito com células do próprio
paciente – e uma terapia de manutenção com medicamentos que modulam o sistema
imunológico, como corticoides e talidomida.
“Apenas
30% dos pacientes, porém, estão aptos para o transplante – recomendável para
pessoas até 65 anos. Os outros 70% precisam ser tratados apenas com
medicamentos”, disse Maiolino.
Segundo
o pesquisador, na época em que o estudo foi idealizado, há cerca de dez anos,
ainda não era comum administrar terapia de manutenção após o transplante. “A
talidomida era usada apenas nos casos de recaída da doença. Nosso objetivo era
investigar se ela traria benefícios também se usada para retardar o
reaparecimento do câncer”, explicou.
Durante
o período de realização do projeto, seis outros estudos foram publicados em
diversos países avaliando a eficácia da talidomida como terapia de manutenção.
“Alguns compararam com outro tipo de corticoide, como a prednisona, outros com
interferon, e outros, com placebo. Todos concluíram que a talidomida aumentou a
sobrevida livre de progressão da doença”, contou Maiolino.
Além
de atuar diretamente nos plasmócitos, impedindo que fiquem aderidos à medula
óssea, a droga inibe a formação dos vasos sanguíneos que irrigam as células
malignas, que acabam morrendo.
“Graças
às novas combinações de medicamentos, foi possível aumentar a mediana de
sobrevida livre de progressão da doença de três para oito anos na última
década. Parece pouco, mas é um salto considerável quando se trata de câncer”,
disse Maiolino.
Na
opinião do pesquisador, a tendência para o futuro é que a talidomida seja
substituída na terapia de manutenção pela lenalidomida, uma droga da mesma
classe, mas de segunda geração e com menos efeitos colaterais.
“Mais
cedo ou mais tarde, todos que fazem uso prolongado da talidomida sofrem de
neuropatia periférica, uma inflamação nos nervos que limita o uso do medicamento.
Como isso não acontece com a lenalidomida, ela pode ser usada por mais tempo.
Mas, infelizmente, esse medicamento ainda não está aprovado no Brasil”,
ressaltou Maiolino.
Projeto
Temático
Além
dos quatro centros universitários, a pesquisa coordenada por Maiolino contou
com a participação do Centro de Transplante de Medula Óssea do Instituto
Nacional do Câncer (Inca) e teve apoio financeiro da FAPESP e do CNPq.
“Toda
a parte de citogenética, que investigou mutações cromossômicas que permitem
determinar o prognóstico do paciente, foi feita com auxílio da FAPESP. O
objetivo era saber se possíveis alterações genéticas desfavoráveis estariam
influenciando os resultados, mas vimos que isso não ocorreu”, contou Vânia
Tietsche de Moraes Hungria, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de
São Paulo.
O
trabalho foi feito no âmbito de um Projeto Temático coordenado por Carmino
Antonio de Souza, na Unicamp.
De
acordo com Maiolino, o trabalho tem importância simbólica, pois ainda são raros
os estudos clínicos realizados totalmente no Brasil sem qualquer patrocínio da
indústria farmacêutica. “Hoje, existem vários estudos multicêntricos sobre
mieloma em andamento no país, mas vieram de fora e são patrocinados”, disse.
O
artigo Thalidomide plus dexamethasone as a maintenance therapy after autologous
hematopoietic stem cell transplantation improves progression-free survival in
multiple myeloma pode ser lido em:
Se. Vcs. Receberam. Meu comentário. Me responda. Pelo meu email. Por favor.
ResponderExcluirOla. Tenho. Mieloma. MÚltiplo. A trez. Meses. Fiz o trasnplante. Mas estou com umas dores e. Começou. Uma prisão de ventre muito forte isto e normal. Faz. Parte. Ou tem algp errado
ResponderExcluirMeu esposo começou com umas dores à 1 ano atrás,em maio foi para.o UPA para.tratar de.uma pneumonia,em setembro teve uma recaída e retornou ao UPA onde.ficou 4 dias internado,fez uma ressonância ,mas alegaram que era uma.dorlombar,voltou para casa onde deu uma crise insuportável na coluna ,corremos para o Getúlio Vargas,onde permanceu por 27 dias até conseguir uma vaga no Hemorio pra fazer uma biópsia ,e foi comprovado Mieloma múltiplo,,estamos desde outubro,faEndo o tratamento no Hemorio ,con o uso de Talidomida, QT já fez 10 radioterapia, três transfusão , toma uma.bateria de.remedios,além dos que ele toma para diabetes, pressão,colesterol, coração mas.Deus tem sido muito bom,ois tem nos ajudado,amei este blog espero ter.mais informações sobre.o Mieloma ,sobre.o tratamento, alimentação, cuidados e tudo mais ,muito obrigada
ResponderExcluirMinha mãe tem mieloma múltiplo faz tratamento já a oito meses mas de vez enquando sangra o nariz porque???
ResponderExcluirPermitam-me comentar-lhes que durante todo o tratamento convencional fiz a cada cinco dias autohemoterapia, 10 ml a cada cinco dias. Acredito q isso tenha me ajudado e muito.
ResponderExcluirMeu pai foi diagnosticado há 2 anos e meio.
ResponderExcluirNão sentiu dores e nem sangrou, apenas fraqueza que com exames iniciais apontou uma anemia bastante elevada.
Tomou muitos medicamentos durante 1 mês enquanto a médica investigava e a anemia baixava muito pouco até que veio o laudo.
Começou o tratamento com talidomida e dexametasona, fazia 1 seção de quimioterapia por semana que durou uns 7 meses e com 66 anos fez o transplante autólogo.
Hoje, 1 ano e meio depois ele faz acompanhamento trimestral e não há o memor indício da doença.
A parte ruim disso tudo eram os efeitos da talidomida.
Prejudicou a coordenação motora enquanto usava, muitas vezes tínhamos que andar segurand em sua mão pra evitar que ele desequilibrasse e caísse.
Isso o deixou muito triste pois sempre fez rudo sozinho e tudo se limitava a ficar em repouso sem nem poder colocar o neto que era bebê no colo.
Vi ele socar a parede, jogar objetos no chão que ele não conseguia segurar direito e algumas vezes pedia pra morrer porque achava que aquilo tudo já era o fim.
Hoje ele tá forte, saudável e esbanjando felicidade.
Não tenho medo que a doença volte, mas me entristece saber que há um medicamento que combate tão bem quanto a talidomida, sem os efeitos colaterais tão pesados mas que por motivos estranhos ainda não é liberado o uso no Brasil.