Mieloma Múltiplo (MM)
Consiste em uma neoplasia
hematológica de linhagem B madura diferenciada, caracterizada pela
hiperproliferação de plasmócitos anômalos com conseqüente infiltração da medula
óssea e produção monoclonal de imunoglobulina.
Esta doença tem incidência maior
em adultos acima de 60 anos, mais freqüente no sexo masculino e trata-se da
segunda neoplasia hematológica de maior prevalência, perfazendo 2% dos cânceres
em geral.
A etiologia do MM está
relacionada com fatores ambientais e ocupacionais, sendo que a irradiação e a
exposição ao benzeno e derivados, tem sido as duas exposições com maior
consistência para o desenvolvimento da doença.
Há contudo, várias citações de
associações entre MM com pesticidas, cosméticos (tinturas de cabelo), produtos
bioquímicos, madeira e doenças autoimunes, mas estes conceitos estão ainda
pouco estabelecidos.
Com relação a fisiopatogenia da
doença, a origem do plasmócito maligno ainda é desconhecida. Sabe-se contudo,
que há uma relação considerável entre o clone plasmocitário mutado e o
microambiente medular. Há uma interação entre plasmócito – microambiente que
nutre, sobrevive, prolifera, desenvolve instabilidade genética e adquire
resistência a múltiplas drogas.
As manifestações clínicas
aparecem lentamente e estão relacionadas aos sistemas ósseo,
hematopoiético e renal, à deficiência imunológica e à hipercalcemia.
Com relação ao sistema ósseo, a
principal manifestação é a dor óssea, que tende a piora com a movimentação,
sendo que a região lombar é a mais acometida.
A anemia é um quadro bastante
freqüente, que incide em 2/3 dos pacientes ao diagnóstico, sendo normocítica e
normcrômica em 85% dos casos.
Há também um comprometimento
renal em que a lesão renal é decorrente da precipitação da imunoglobulina
monoclonal precipitada, que se deposita no tecido renal, desorganizando os
glomérulos, mesângio e túbulos. A outra causa da lesão renal é a hipercalcemia
que provoca nefrite intersticial e diurese osmótica.
O indivíduo com MM tem maior
susceptibilidade para infecções e isso ocorre devido a incapacidade da
imunoglobulina monoclonal formar anticorpos funcionantes; hipogamaglobulinemia
policlonal e disfunção de linfócitos T, de células NK e de monócitos inibidos
pela TGF- B secretada pelo plasmócito doente. Os agentes infecciosos mais
relacionados são o Streptococcus pnemumoniae e Haemophilus influenzae.
Os sintomas neurológicos também
são freqüentes nos casos de MM, em que fraqueza, perda de movimentos,
parestesias e incontinências intestinais e vesicais podem aparecer.
Para se estabelecer um
diagnóstico do MM deve-se levar em consideração a associação de critérios
resultantes das alterações laboratoriais e imagem óssea. O sistema mais
considerado é o do Grupo Internacional de Estudos em Mieloma (IMWG) em que
estabelece que dois critérios maiores ou um maior associado a três menores
confirma MM.
Dentre os critérios maiores
citam-se: plasmocitoma, plasmocitose medular maior que 30%, pico monoclonal:
IgG maior 3,5g/dl ou IgA maior que 2g/dl ou cadeias leves Kappa ou lambda maior
que 1,0g/dl na urina de 24 horas. Os critérios menores há plasmocitose na
medula óssea entre 10 – 30%, pico monoclonal: IgG menor 3,5g/L, IgA menor
2,0g/dL, lesões ósseas, cálcio maior que 11,5mg/dL, hemoglobina menor que
10g/dL e creatinina maior que 2mg/dL.
Para o tratamento utiliza-se uma
terapia de suporte que irá controlar os sintomas relacionados às lesões ósseas
(analgesia e inibidores de osteólise), anemia (eritropoetina) e sucetibilidade
às infecções (antibioticoticoterapia profilático) e o tratamento específico
cujo alvo são os plasmócitos mutados e o microambiente.
Dentre os fármacos usados no
tratamento específico do MM, estão a dexametasona, o complexo VAD (vincristina,
adriamicina e dexametasona), talidomida e drogas mais novas como o Bortezomibe
e a Lenalidomida.
Em suma,o cenário do MM sofreu
muitas mudanças no que tange a introdução de novas drogas, sendo que atualmente
o que se busca é o controle da doença, considerando-a uma entidade
crônica, que ofereça ao indivíduo melhor qualidade de vida e maiores períodos
de sobrevida com qualidade.
Referência Bibliográfica:
BITTENCOURT, Rosane; PYDD,
Alberto. Mieloma Múltiplo: panorama geral com enfoque na doença óssea. Revista
Atualiza Dor, São Paulo, n.5, p. 23 –27, 2011.
Obrigada pelo artigo, simples e esclarecedor.
ResponderExcluirBoa sorte a todos.
LR-RJ
Contém comigo para divulgar o pleito de todos.
ResponderExcluirDesejo coragem é fé .
Maria Zélia Baeta
GOSTARIA DE ACRESCENTAR QUE HOJE EM DIA, VEMOS CADA VEZ MAIS PESSOAS JOVENS ACOMETIDAS PELA DOENÇA,O DIAGNÓSTICO PRECOCE AUMENTA A CHANCE DE SOBREVIDA E A QUALIDADE DE VIDA DOS PORTADORES.
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