Senado aprova cobertura de
quimioterapia oral por planos de saúde
Projeto
de Lei é o primeiro passo para que pessoas com câncer, como o de mieloma
múltiplo, possam fazer o tratamento quimioterápico via oral com cobertura dos
planos de saúde. O Senado aprovou na quinta-feira, dia 17, o Projeto de Lei de
autoria da senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS), que determina o tratamento
quimioterápico via oral com a cobertura dos planos de saúde. No caso dos planos
que cobrem a internação hospitalar, o projeto obriga ainda a cobertura da
quimioterapia ambulatorial e domiciliar, de radioterapia e da hemoterapia.
O
objetivo, segundo a senadora Ana Amélia, é garantir a continuidade da
assistência prestada durante a internação. Atualmente, sem a cobertura pelos
planos de saúde, boa parte dos pacientes e de seus custos são transferidos para
o Sistema Único de Saúde (SUS).
O
Projeto de Lei foi votado em caráter terminativo na Comissão de Assuntos
Sociais (CAS) e segue para apreciação da Câmara dos Deputados. Uma vez aprovado
pela Câmara e sancionada pela presidente Dilma, a nova lei entra em vigor após
180 dias da data de publicação no Diário Oficial da União.
O
diretor da ABHH (Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia), Dr.
Angelo Maiolino, vê com otimismo a aprovação do projeto, especialmente para os
casos de mieloma múltiplo, que necessitam de diferentes combinações de
medicamentos orais. “Em diferentes situações, os medicamentos bortezomibe,
lenalidomida, dexametasona e ciclofosfamida demonstraram resultados mais
eficazes com maior taxa de resposta e impacto em termos de sobrevida e
qualidade de vida para os pacientes do que a monoterapia”.
Lentidão da ANVISA
Mesmo
sendo aprovada em 75 países, uma das drogas utilizadas para o tratamento de
mieloma, a lenalidomida, aguarda há cerca de quatro anos o registro pela
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). “Enquanto novas drogas estão
sendo usadas em todo o mundo em benefício dos pacientes com mieloma, os
pacientes brasileiros não têm acesso àquelas já consagradas para o tratamento
deste câncer”, explica o Dr. Maiolino.
A
falta do registro da lenalidomida no Brasil representa riscos, alerta o médico.
“Principalmente após uma recaída. Sem essa alternativa terapêutica você tira a
chance do paciente viver mais e melhor”, diz o especialista.
Ele
destaca outros benefícios para o pacientes: não provoca dormência em mãos e
pés, com muito menos constipação, sonolência e fadiga. O uso é oral, ou seja,
não é necessário ir até a clínica ou hospital para ser medicado. O Dr. Maiolino
comenta que “não existe a menor dúvida de que as novas drogas como bortezomibe
e lenalidomida mudaram a realidade do mieloma múltiplo no mundo“.
O
mieloma múltiplo é a segunda doença oncohematológica em incidência no mundo.
Segundo a Fundação Internacional do Mieloma (IMF, em inglês), há mais de 700
mil novos casos por ano. Só nos Estados Unidos surgem 21 mil casos por ano. No
Brasil, não há estatísticas exatas, mas o especialista calcula 10 mil novos
casos/ano. Segundo ele, atualmente, são cerca de 30 mil pacientes em tratamento
no Brasil, sendo que 80% deles têm mais de 60 anos de idade.
Os benefícios da quimioterapia oral
A quimioterapia oral não tem de ser
injetada no corpo
Uma vez que a quimioterapia oral é tomada sob a forma de um comprimido ou de
uma cápsula, não é preciso injetá-la no corpo, como acontece com outros tipos
de quimioterapia. Em muitos casos, os fármacos da quimioterapia são
administrados diretamente na veia da pessoa por meio de uma linha intravenosa
(I.V.) através de um cateter implantado sob a pele, utilizando frequentemente
uma bomba especializada. É preciso submeter-se a uma cirurgia para colocar a
linha I.V. e, como acontece com qualquer dispositivo deste tipo, isso pode
trazer complicações. Adicionalmente, os dispositivos intravenosos ficam no
interior do corpo entre os tratamentos, e a sua presença pode conduzir a
complicações adicionais em até 30% dos casos. Tomar quimioterapia oral sob a forma
de um comprimido ou de uma cápsula elimina esses riscos. Engolida sob a forma
de comprimido ou cápsula tomada com água, a quimioterapia oral disponibiliza um
método simples e não invasivo de receber tratamento contra o cancro.
A quimioterapia oral pode ser tomada
em casa
Uma vez que não precisa ser injetada no corpo, a quimioterapia oral pode ser
tomada em casa, sem que seja necessário deslocar-se ao hospital ou a uma
clínica para o tratamento. Pessoas a receberem quimioterapia através de perfusão
I.V. podem passar até uma semana em cada mês internados ou em deslocações ao
hospital para receberem o tratamento. Para muitos dos doentes a quem é
receitada quimioterapia oral, tomar a medicamentação em casa é uma das
principais vantagens, pois hes dá a liberdade para continuarem com as suas
vidas diárias sem a perturbação das visitas ao hospital.
O que esperar da quimioterapia oral
Contato com a sua equipe de
profissionais na área da saúde
Apesar de poder tomar o seu tratamento de quimioterapia oral em casa,
continuará a ter de consultar regularmente o seu médico, para que este possa
acompanhar a sua evolução. Lembre-se que a quimioterapia pode provocar efeitos
secundários graves e você deve contatar o seu médico ou enfermeiro assistente
sempre que tenha questões ou preocupações relacionadas com o tratamento ou com
efeitos secundários que esteja a sentir. Isso ajudará a assegurar que a
situação não evolui para um problema grave. Se necessário, o seu médico
efetuará ajustes na sua dosagem ou indicará outro medicamento para aliviar os
sintomas. Pergunte ao seu médico o que deve fazer no caso de surgir alguma
dúvida sobre um efeito secundário e não conseguir contatá-lo.
Regime terapêutico
Se está a receber quimioterapia oral em combinação com outro fármaco não oral,
terá de ir ao hospital para receber esta parte do tratamento. A frequência com
que terá de deslocar-se ao hospital dependerá do tratamento administrado.
Contudo, na maioria dos casos, só perderá algumas horas por mês.
Efeitos secundários
Tal como em todos os tipos de quimioterapia, existem alguns efeitos secundários
associados à quimioterapia oral. Contudo, as pessoas reagem de modos diferentes
aos tratamentos, pelo que o tipo e gravidade dos efeitos secundários podem
variar de pessoa para pessoa.
O recurso a um diário terapêutico pode ser útil para registar quaisquer efeitos
secundários que possa sentir, para podê-los discutir com o seu médico ou
enfermeiro na visita hospitalar seguinte. Na área Dieta e Vida deste site,
procure sugestões para como lidar com alguns dos efeitos secundários mais
comuns na quimioterapia.
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