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segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Uma terrível Realidade que perdura no Brasil




Mieloma múltiplo:
Qual o grau de conhecimento sobre a doença em médicos que atuam no sistema de atenção primária à saúde?



Ângelo Maiolino- Universidade Federal do Rio de Janeiro



O mieloma múltiplo (MM) é uma doença de distribuição mundial. Representa 1% de todos os tipos de câncer, sendo o segundo mais comum entre os hematológicos, ficando atrás apenas dos linfomas não-Hodgkin. Tem uma prevalência de 17 casos a cada 100 mil indivíduos e estima-se que 15 mil novos casos/ano serão diagnosticados nos Estados Unidos.1

Infelizmente, dados epidemiológicos brasileiros não estão disponíveis. Nos últimos anos tem sido feito um grande esforço para melhor se conhecerem as características clínicas e demográficas do MM em nosso país, assim como tentar estabelecer protocolos clínicos para o tratamento desta condição. Hungria e Cols efetuaram um levantamento envolvendo 15 centros de Hematologia dedicados ao tratamento do MM no Brasil. O objetivo deste estudo era o de melhor conhecer as características dos pacientes acompanhados nestas instituições e tentar validar o International Staging System (ISS) nesta população. No período de 1998 a 2004, um total de 1.017 pacientes com MM foi acompanhado nesses centros. A mediana de idade ao diagnóstico foi de 61 anos (28-94). Nesse estudo, ficou comprovado que a maior parte dos pacientes com MM no Brasil é diagnosticada em estádios avançados de doença. Considerando o estadiamento de Durie e Salmon, 77% dos pacientes eram DS III, e, peloISS, 86% eram estádio 2 ou 3. É urgente, portanto, um esforço para melhor divulgar o MM em nosso meio, já que o diagnóstico precoce tem impacto em termos de sobrevida.2

Neste fascículo da Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, Paula e Silva e colaboradores3 verificaram, através de um inquérito epidemiológico, utilizando testes de múltipla escolha, o conhecimento sobre aspectos diagnósticos relacionados ao MM em um grupo de médicos que atuam na atenção básica à saúde na cidade de Belo Horizonte.

Cento e trinta e cinco médicos que atuam nesta rede responderam a um questionário que tinha como objetivo avaliar o profissional perante cinco questões fundamentais: (1) a conduta frente a um paciente com anemia, (2) a capacidade de realizar o diagnóstico diferencial em um paciente idoso com lesões líticas, (3) a capacidade de suspeitar de hipercalcemia diante de manifestações clínicas sugestivas, (4) a interpretação da eletroforese de proteínas séricas e (5) a capacidade de diagnosticar MM diante de um quadro clínico característico.

A única questão que foi adequadamente respondida pelo grupo de médicos estudados foi a de número 1, onde a maioria (94%) soube correlacionar o quadro de anemia normocrômica e normocítica com as doenças crônicas e neoplásicas prevalentes nesta faixa etária. Para todas as outras questões, menos da metade dos médicos soube formular uma resposta adequada, sendo que as duas últimas (interpretação da eletroforese e quadro clínico do MM), que estão diretamente relacionadas ao diagnóstico da condição, foram respondidas por apenas 30% e 36% dos médicos, respectivamente.

Fica claro que, apesar de não se tratar de uma patologia rara, existe um profundo desconhecimento acerca do MM exatamente no grupo de profissionais de saúde que são, na maioria das vezes, os responsáveis diretos pelo atendimento aos pacientes quando das suas primeiras manifestações clínicas. A nosso ver, é imprescindível adotarmos uma estratégia de melhor divulgação da patologia não somente com os profissionais que atuam na área básica, mas também com os especialistas (ortopedistas, reumatologistas, nefrologistas, neurologistas) que frequentemente recebem pacientes com manifestações clínicas que podem sugerir um diagnóstico de mieloma múltiplo.



Referências Bibliográficas

1. Criteria for the classification of monoclonal gammopathies, multiple myeloma and related disorders: a report of the International Myeloma Working Group. Br J Haematol 2003;121(5):749-57.         [ Links ]

2. Hungria V, Maiolino A, Martinez G, Colleoni GW, Pasquini R, de Souza C et al; International Myeloma Working Group Latin America. Confirmation of the utility of the International Staging System and identification of a unique pattern of disease in Brazilian patients with multiple myeloma. Haematologica 2008;93:791-2.         [ Links ]

3. Paula e Silva RO, de Faria RMD, Côrtes MCJW, Clementino NCD, Faria JR, Moraes TEC et al. Mieloma múltiplo: Verificação do conhecimento da doença em médicos que atuam na atenção primária à saúde. Rev Bras Hematol Hemoter. 2008;30(6):437-44. 

Um comentário:

  1. INFELIZMENTE ESTA É A RELIDADE NO BRASIL, A BAIXA E MTAS VEZES INEXATA NOTIFICAÇÃO IMPOSSIBILITA QQUER ESTATÍSTICA, ALÉM DO "NÃO PENSAR" EM DETERMINADAS PATOLOGIAS POR MÉDICOS EM DIVERSAS ESPECIALIDADES E PRINCIPALMENTE POR CLÍNICOS RESPONSÁVEIS PELA ATENÇÃO BÁSICA.

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