Infecção em Mieloma Múltiplo
RESUMO
Infecção
é a principal causa de óbito em pacientes com mieloma múltiplo (MM). Na última
década ocorreram mudanças substanciais no espectro de infecções em pacientes
com MM, relacionadas com as mudanças no tratamento, ocorridas neste período.
Embora as bactérias (particularmente encapsuladas e Gram-negativas) continuem a
ser os principais agentes etiológicos, infecções fúngicas invasivas causadas
por fungos filamentosos (Aspergillus sp. e Fusarium sp.) têm sido relatadas com
frequência crescente. Enquanto o aumento na intensidade do tratamento do MM
resultou em melhora na sobrevida, novos problemas infecciosos emergiram. Assim,
uma abordagem prática às infecções em pacientes com MM deve incluir o
reconhecimento dos patógenos prováveis, de acordo com vários fatores, como a
história patológica pregressa, estado da doença de base, e tratamento atual e
anterior para o MM. Estratégias específicas de diagnóstico, profilaxia e
terapia empírica são direcionadas de acordo com esta abordagem.
ABSTRACT
Infection is
the leading cause of death in patients with multiple myeloma. Over the past
decade, significant chances have occurred in the spectrum of infections in
patients with multiple myeloma, paralleling the changes in the treatment of the
disease. Although bacteria (particularly encapsulated and Gram-negative
organisms) remain the most frequent etiologic agents, invasive fungal
infections caused by
moulds (Aspergillus sp. and Fusarium sp.) have been
increasingly reported. While the increase in the intensity of the treatment of
multiple myeloma represents a major advance, with a positive impact on
survival, new infectious problems have emerged. Therefore, a practical approach
to infections in MM patients must include the recognition of the likely
pathogens according to several factors, such as past medical history, status of
the underlying disease, and past and current treatment for MM. Specific
strategies of diagnosis, prophylaxis, and empiric and specific therapy are
driven according to this approach.
Key words:
Multiple myeloma; infection; management; guidelines.
Introdução
Na
última década foi observado um progresso substancial no tratamento do mieloma
múltiplo (MM), com redução na mortalidade. 1 Desde a introdução da combinação
melfalano + prednisona há mais de quarenta anos atrás, várias estratégias têm
sido incorporadas, incluindo o uso de doses altas de quimioterapia seguido de
transplante de células progenitoras hematopoéticas (TCPH) autólogo, duplo
transplante, transplante com regime de condicionamento com intensidade
reduzida, e novas drogas, tais como talidomida, bortezomibe e lenalidomida.2
Estas estratégias têm impacto de forma diferente na imunidade, predispondo os
pacientes a diferentes infecções oportunistas.
Infecção
é considerada uma causa importante de morbidade e a principal causa de
mortalidade em pacientes com MM. 3-5 A susceptibilidade aumentada a infecções é
atribuída principalmente à imunodeficiência associada à doença de base,
caracterizada por uma diminuição na produção de imunoglobulinas normais.6 Além
disso, a susceptibilidade a infecções é atribuída à imunossupressão cumulativa
dos diversos tratamentos recebidos ao longo do curso da doença. De fato, o MM
se tornou, para muitos pacientes, uma doença crônica com múltiplas recaídas e terapias
de indução e resgate, como resultado de tratamentos mais efetivos, incluindo
doses altas de dexametasona, bortezomibe, lenalidomida a transplante autólogo e
alogênico. Estas terapias levam a uma imunossupressão cumulativa, afetando
vários componentes do sistema imune, com a consequente emergência de infecções
causadas por patógenos que não eram descritos no MM uma década atrás, como
citomegalovírus (CMV), 7 Varicella-zoster vírus (VZV), 8 Aspergillus spp. 9 e
Fusarium spp.10
Riscos
adicionais para infecção, que são próprios do MM incluem: idade avançada (idade
mediana ao diagnóstico é de 65 anos), sobrecarga de ferro causada por múltiplas
transfusões, 11,12 hiperglicemia induzida pela dexametasona, 13 insuficiência
renal14, 15 e doença óssea. Esta última pode se manifestar por múltiplas
fraturas, osteonecrose da mandíbula, 16 e necrose avascular da cabeça do fêmur
associada ao uso crônico de corticosteróides, 17 e predispõe os pacientes a
osteomielite e discite.18,19
Infecções após terapia de indução
Pacientes
tratados com melfalano e prednisona apresentam maior risco de infecção nos
primeiros dois meses após quimioterapia e, embora a infecção por encapsulados
seja frequente, Staphylococcus aureus e bastonetes Gram-negativos são os
patógenos mais isolados nos períodos iniciais de tratamento. 20 Os sítios mais
comuns de infecção são o trato urinário (31%), respiratório (29%) e corrente
sanguínea (12%).21
O
uso de poliquimioterapia com altas doses de corticosteroides (VAD) passou a
fazer parte da estratégia de tratamento de pacientes refratários a melfalano e
prednisona22 e, mais recentemente, como parte da terapia sequencial que inclui
TCPH. 23 Essa modalidade de tratamento resulta em depressão da imunidade
mediada por linfócitos T (altas doses de corticosteroides) e neutropenia
(quimioterapia) que, por consequência, aumentam risco de infecções bacterianas,
virais e fúngicas. Em estudo avaliando 97 pacientes submetidos à quimioterapia
com VAD, 14 11% apresentaram infecções fúngicas e virais leves e 33% desenvolveram
infecções bacterianas. O único fator de risco para infecção bacteriana foi
insuficiência renal.
Dexametasona
isoladamente ou em combinação com talidomida (DT) são atualmente os dois
regimes mais frequentemente utilizados na terapia de indução de pacientes
elegíveis para TCPH. 1 Outros regimes que têm sido utilizados particularmente
nos Estados Unidos são bortezomibe isoladamente, ou em combinação com
dexametasona (VD), ou com dexametasona e talidomida (VDT), e lenalidomida e
dexametasona.1 Dexametasona (127 pacientes) foi comparada com melfalano +
prednisona (MP - 122 pacientes), melfalano + dexametasona (MD - 118 pacientes)
e interferon + dexametasona (ID - 121 pacientes) em um estudo randomizado em
pacientes idosos com MM. Infecções piogênicas graves (principalmente pneumonia
e septicemia) foram mais frequentes no grupo MD (19%), comparado a 10% com MP,
11% com dexametasona, e 9% com ID (p=0,01). 24
Talidomida
não é mielotóxica, e o risco de infecção não aumenta necessariamente com seu
uso. Em um estudo, pacientes com MM virgens de tratamento foram randomizados a
receber dexametasona ou dexametasona + talidomida (102 pacientes em cada
grupo). A frequência de infecção foi baixa nos dois grupos. 25 Em outro estudo,
129 pacientes > 60 anos com MM, foram randomizados a melfalano + prednisona
+ talidomida (MPT, e 126 receberam melfalano + prednisona (MP). A frequência de
eventos adversos graus III e IV foi maior no grupo MPT, especialmente trombose
venosa profunda, neuropatia periférica e infecção. A frequência de infecção
(principalmente pneumonia) foi de 10% no grupo MPT e 2% no grupo MP (p=0,01).26
O
uso de talidomida pode aumentar indiretamente o risco de infecção por causa de
uma maior frequência de outras complicações associadas com seu uso, como
trombose venosa profunda e neuropatia periférica. Além disso, a talidomida
inibe o fator de necrose tumoral alfa, mas estimula a proliferação de
linfócitos T com um aumento em interleucina-12,27 e o potencial efeito
imunossupressivo da talidomida pode ser ilustrado por um relato de caso de
infecção disseminada pelo Herpes simplex (HSV) e infecção por VZV em um
paciente com MM que estava tomando talidomida como agente único, cinco anos
depois de um TCPH autólogo. 28
Dados
sobre infecção associada ao uso de bortezomibe como terapia de primeira linha
são escassos. Bortezomibe está associado com prevalência baixa de neutropenia
(grau III - 13%, grau IV - 3%). 29 Em um estudo, pacientes com idade > 65
anos receberam bortezomibe + melfalano + prednisona como terapia de primeira
linha.30 Pelo menos um episódio de infecção foi observado em 75% dos pacientes
(16% grau III-IV). Curiosamente, a frequência de herpes zoster foi de 13% nos
primeiros 38 pacientes e reduziu para 7% depois da introdução de aciclovir na profilaxia.
Uma alta taxa de herpes zoster foi também relatada em um estudo randomizado
comparando bortezomibe com dexametasona como terapia de salvamento em pacientes
com MM (Ver tópico “Infecções após terapias de resgate”.). 8
Dados
preliminares do uso de lenalidomida sugerem que esta droga induz neutropenia
frequentemente (grau III - 60%, grau IV - 16%). 31 Em um estudo fase II,
lenalidomida e dexametasona foram dados a 34 pacientes com MM em primeira
linha. Neutropenia grau III-IV foi observada em 12% dos pacientes, e infecção
grau III-IV ocorreu em 3% dos pacientes.32
Infecções após TCPH
O
TCPH passou a ser utilizado para contornar o aumento de toxicidade induzida por
doses crescentes de melfalano utilizadas para controle do MM. O transplante é
caracterizado por duas fases diferentes de risco para ocorrência de infecção, a
fase de neutropenia e a fase pós-recuperação medular. A fase de neutropenia tem
duração variável com regime de condicionamento. No TCPH autólogo, regimes que
utilizam irradiação corporal total associada à melfalano 140 mg/m2 resultam em
maior tempo de neutropenia, infecções graves (bacteremias e pneumonias) e maior
mortalidade. 23,33 Não há diferença na frequência e no padrão de infecções
desses pacientes quando comparados a outros pacientes neutropênicos.34,35 No
período pós-transplante, os pacientes experimentam depressão da imunidade
mediada por linfócitos T, o que favorece infecções virais, especialmente VZV.
O
TCPH alogênico constitui uma opção para pacientes com MM, mas a mortalidade é
muito alta, principalmente associado com infecções bacterianas e fúngicas.36 Já
o TCPH não mieloablativo costuma apresentar baixas taxas de mortalidade 37 e
com duração de neutropenia reduzida resulta em menor risco de bacteremia
pós-transplante. Por outro lado, a frequência de CMV tardio (> 100 dias
pós-TCPH) é maior, 38 assim como infecções por fungos filamentosos. 39
Infecções após consolidação e
manutenção
O
conceito de se fazer terapia de indução, consolidação com um ou dois TCPH e
manutenção tem sido explorado no MM, com aparente prolongamento na sobrevida
livre de evento e sobrevida global em comparações não randomizadas com grupos
controle históricos. 2 Entretanto, como era de se esperar, a frequência de
infecções aumenta. No regime Total Therapy I, a frequência de bacteremia ou
pneumonia foi de 17% após VAD, 28% após ciclofosfamida em dose alta, 11% após
EDAP (etoposide, dexametasona, citarabina e cisplatina), 25% após o primeiro
TCPH, 31% após o segundo TCPH com condicionamento sem irradiação corporal
total, e 40% após o segundo TCPH condicionado com irradiação corporal total. 23
Infecções após terapia de resgate
Com
os diferentes regimes de resgate, a frequência de complicações infecciosas
tende a ser maior por causa da presença de disfunção orgânica associada à
doença avançada. O risco de infecção depende de vários fatores: extensão e
intensidade de terapia prévia (incluindo dose e duração de uso de
corticosteróides), controle do MM, potencial de toxicidade medular e de
mucosite dos regimes de quimioterapia usados, e comorbidades. A comorbidade
mais importante no MM é insuficiência renal. Após TCPH, pacientes com insuficiência
renal podem ter maior risco de desenvolver pneumonia 15 e mucosite.40
O
esquema VAD é frequentemente usado em terapia de resgate. Em um estudo
randomizado, 103 pacientes receberam VAD ou VMBCP (vincristina, melfalano,
BCNU, ciclofosfamida e prednisona). Quatro pacientes morreram de infecção, dois
em cada grupo. 41 Em outro estudo, 34 pacientes com MM refratário receberam
VAD. De nove episódios de infecção grave, apenas um ocorreu durante
neutropenia. Os autores atribuíram a alta taxa de infecção às doses altas de
dexametasona. 42
Bortezomibe
tem sido usado em terapia de resgate. Em um estudo randomizado comparando
bortezomibe e dexametasona, neutropenia grau III-IV foi observada em 14% dos
pacientes que receberam bortezomibe. 8 Um achado inesperado foi a ocorrência de
herpes zoster em 13% dos pacientes do grupo bortezomibe contra 2% nos pacientes
que receberam dexametasona.
Embora
as razões para esta associação não sejam claras, estes dados sugerem que esta
droga possa aumentar o risco de infecção por VZV, bem como outras infecções
associadas com defeitos na imunidade mediada por linfócitos T.
Mudanças no espectro de infecções em
MM
Nos
últimos anos tem havido uma significativa mudança no espectro de infecções em
pacientes com MM, com um aumento na frequência de infecções fúngicas graves,
como aspergilose e fusariose. 9 Embora especulativo, é possível que isto seja
um reflexo do aumento na intensidade do tratamento, com estratégias de
quimioterapia sequencial, duplo transplante e terapia de manutenção
pós-transplante, tornando estes pacientes funcionalmente neutropênicos.
Em
estudo recente de aspergilose invasiva após TCPH, pacientes com MM apresentaram
risco alto de desenvolver aspergilose tardia (ocorrendo após D+30). 43 Esta
observação é muito relevante, considerando que MM não era uma doença
classicamente associada à aspergilose.44 Por outro lado, em um estudo
epidemiológico em 15 centros europeus, foram diagnosticados oito casos de
aspergilose invasiva entre 1984 e 1991, e 23 casos entre 1992 e 1996.
Neutropenia estava presente em 51% dos pacientes, e 45% tinham recebido
corticosteróides. 45
Pacientes
com MM também estão em risco de desenvolver fusariose. Em um estudo em
receptores de TCPH, pacientes com MM apresentaram risco 6,9 vezes maior de
desenvolver fusariose.10 Como a aspergilose, casos de fusariose tardia têm sido
observados nestes pacientes.46
Manejo das infecções em pacientes
com mieloma múltiplo
O
manejo de problemas infecciosos em pacientes com MM requer uma análise dos
riscos de infecção baseado no tipo de tratamento prévio e atual a que o
paciente foi submetido, além das co-morbidades. A seguir, serão apresentadas
recomendações para o manejo de infecções. Cada recomendação é classificada em
nível de evidência, conforme a Tabela 1.
Avaliação inicial do paciente
Consiste
na coleta de dados que permitam estimar o risco de infecção de cada paciente.
Dados de historia patológica pregressa de infecções que podem recorrer, como
tuberculose, herpes simplex, herpes zoster e sinusite crônica, devem ser
particularmente considerados. Deve-se avaliar também a presença de comorbidades
que sabidamente elevam o risco de infecção, como insuficiência renal e
sobrecarga de ferro.
Obter
sorologia para HSV, VZV e CMV (BIII). Uma dosagem de Ig G também é útil, pois
alguns regimes profiláticos podem ser sugeridos àqueles com níveis abaixo de
600 mg/dl (BI). Além disso, a dosagem inicial serve para comparações futuras
(BIII).
Pacientes
que irão receber tratamento com dexametasona devem ter uma contagem de
linfócitos CD4, e profilaxias devem ser indicadas naqueles com valores < 50
células/mm³ (BIII).
Avaliação do risco e profilaxia em
pacientes recebendo dexametasona
Como
na maioria das situações não há estudos randomizados avaliando diferentes
estratégias de manejo de infecções em pacientes com MM, as recomendações que se
seguem são baseadas na observação de uma maior frequência de determinadas
infecções em grupos de maior risco e, quando disponíveis, dados de estudos em
outras populações de pacientes.
·
Em pacientes com história de infecção recorrente por HSV ou VZV (especialmente
aqueles com CD4 < 50 células/mm³) deve-se considerar profilaxia com
aciclovir 400 mg 3x/d, ou valaciclovir 500 mg 3 x/d (BII). No entanto, os
benefícios da profilaxia devem ser pesados com custos, toxicidade e risco de
indução de resistência.
·
Em pacientes com história prévia de tuberculose, ou naqueles com PPD forte
reator, deve-se considerar o uso de profilaxia secundária com isoniazida 300
mg/d (BIII).
·
Todos os pacientes devem receber profilaxia para Pneumocystis jiroveci (AI). A
droga de escolha é sulfametoxazol-trimetoprim (SMX-TMP 800 mg-160 mg 2 x/dia
2x/semana), porém pacientes alérgicos a sulfa têm como alternativas dapsona
(100 mg/dia) e pentamidina aerossolizada (150 mg a cada 15 dias ou 300 mg uma
vez ao mês). No entanto, escapes da doença com regimes alternativos podem
ocorrer. 47
·
Candidíase mucosa é comum em pacientes em uso de corticosteróides em altas
doses. Assim, os pacientes devem ser sempre avaliados para ocorrência de
candidíase oral e/ou esofágica; se presentes, devem ser tratados com fluconazol
200 mg/d por 14 dias (AI). Uma alternativa é a utilização de fluconazol
profilático (100 mg/dia) (BI), porém essa medida deve ser evitada devido ao
risco de desenvolvimento de resistência.
·
A profilaxia de infecções bacterianas pode ser realizada com uso de SMX-TMP
diário (AI), já que este regime reduziu a frequência de infecções bacterianas
nos dois primeiros meses após o diagnóstico de MM.48 Outra opção é o uso de uma
quinolona respiratória (BIII). O uso de imunoglobulina IV (400 mg/kg) a cada 4
semanas reduz a frequência de infecções bacterianas (BI), mas como o custo é
alto, sugere-se que sua utilização fique restrita a pacientes com infecções
graves de repetição (CIII). 49 A vacinação contra Streptococcus pneumonia e
Haemophylus influenzae é recomendada antes do início do tratamento (BII), mas
enquanto a vacina contra H. influenzae é em geral adequada, a resposta à vacina
contra pneumococo é muito ruim.50
Manejo da febre em pacientes
recebendo dexametasona
A
febre deve ser vista como infecção até que se prove o contrário. Os principais
patógenos são bactérias encapsuladas, bastonetes Gram-negativos e S. aureus, e
as vias aéreas, o trato urinário e a corrente sanguínea constituem os
principais sítios de infecção. A avaliação inicial deve incluir um hemograma,
hemoculturas e urinocultura, proteína C reativa quantitativa (PCR), além de
métodos de imagem como radiografia de tórax e seios da face (tomografia
computadorizada é uma alternativa). Caso todos os exames sejam negativos,
causas não infecciosas de febre devem ser descartadas, como trombose venosa
profunda (através de D-dímero e Doppler) e atividade de doença.
Enquanto
se investiga uma etiologia para a febre, o paciente deve receber
antibioticoterapia empírica, pelo risco de desenvolvimento de sepse grave
(AIII). O regime de escolha varia com a frequência de pneumococo resistente a
penicilina (no Brasil é raro) e pode ser cefuroxime, penicilina sintética
associada a inibidor de betalactamase (amoxicilina/clavulanato,
amoxicilina/sulbactam ou ampicilina/sulbactam), quinolonas respiratórias, ou
macrolídeos (AII). Pacientes que se encontram hospitalizados, ou aqueles com
mau estado geral ou neutropênicos devem ter seu esquema antimicrobiano ampliado
com o uso de betalactâmicos (cefepima, piperacilina-tazobactam e carbapenemas)
(BII). Uma opção para neutropenia febril é a utilização de quinolona, uma vez
que a neutropenia costuma ser leve e de curta duração.51
Avaliação do risco e profilaxia em
pacientes após TCPH
A
avaliação nessa fase deve levar em conta a presença de fatores de risco em
potencial para ocorrência de infecções como: época do TCPH (precoce ou tardio),
status do MM (atividade de doença ou remissão), TCPH prévio, regime de
condicionamento (melfalano ou combinado com irradiação corporal total),
quantidade de células CD 34 infundidas (> ou < 5 x 106/kg), manipulação
das células progenitoras in vitro, além da presença de comorbidades
(insuficiência renal, sobrecarga de ferro, etc) (Tabela 2).
Os
regimes de profilaxia adotados são os mesmos utilizados nos demais pacientes
transplantados. Todos os pacientes devem receber SMX-TMP para profilaxia de
Pneumocystis jiroveci (AI). Pacientes de alto risco soropositivos para CMV
deverão realizar antigenemia duas a quatro vezes ao mês (BII) e tratamento
preemptivo se necessário. Profilaxia contra HSV e VZV também são indicadas
(BI), e se o paciente está recebendo tratamento intenso de consolidação ou em
recaída deve-se considerar o uso de um agente antifúngico ativo contra fungos
filamentosos (BII).
Outras
medidas profiláticas que reduzem risco de infecções consistem em evitar
desidratação em pacientes com insuficiência renal (AII), parar de fumar (BII),
minimizar sobrecarga de ferro através do uso de eritropoietina ou quelante de
ferro (BII), uso de bisfosfonato para evitar fraturas (AI), controle glicêmico
em pacientes utilizando corticosteróides (AII), e prevenção de trombose venosa
profunda.
Manejo da febre em pacientes após
TCPH
As
recomendações quanto ao manejo de febre na fase de neutropenia após o TCPH
autólogo são as mesmas de qualquer outro TCPH e incluem o uso de antibiótico
empírico e modificações no esquema de acordo com a evolução. Após a pega do
enxerto, os pacientes apresentam depressão pronunciada da imunidade mediada por
linfócitos T, predispondo à ocorrência de infecções virais. No MM a depressão
da imunidade é aumentada quando se institui terapia de manutenção com regimes
de poliquimioterapia ou dexametasona em doses altas. Neste contexto, deve-se
ter atenção para a possibilidade de reativação de CMV, o que é pouco frequente
em outras doenças. Em um estudo que avaliou causas de febre após TCPH autólogo,
reativação de CMV ocorreu em 39% dos pacientes não neutropênicos, e o uso de
antiviral resultou em resolução da febre em quase todos os pacientes. 7 Assim,
a pesquisa de febre nesses doentes deve incluir antigenemia para CMV, além de
hemocultura e urinocultura (AII).
Pacientes
com diarreia por Clostridium difficile costumam apresentar febre além dos
sintomas gastrintestinais.7,52 Assim, deve-se realizar pesquisa de toxinas A e
B em pelo menos três amostras de fezes de pacientes com suspeita,53 e, caso
positivo, instituir tratamento com metronidazol 500 mg 3x//d VO por duas a
quatro semanas (AI) ou vancomicina 125 mg 4x/d VO.
Nos
casos em que todos os exames sejam negativos, deve-se excluir febre por
atividade de doença e trombose venosa profunda. O clínico pode ainda lançar mão
de exames de imagem como tomografias computadorizadas (crânio, tórax e abdome)
e tomografia de emissão de positron (PET scan). O PET scan pode ser útil no
diagnóstico de sítios de infecção ocultos, não evidentes através de outros
métodos.54 Na presença de imagens sugestivas ao PET scan, biópsias e culturas
devem ser realizadas para confirmar infecção.
Manejo de infiltrados pulmonares em
pacientes após TCPH
Infiltrados
pulmonares podem ser causados por uma variedade de patógenos: vírus (vírus
sincicial respiratório, CMV, influenza), bactérias (Gram-positivas, Gram-negativas,
Legionella, Nocardia), fungos (Aspergillus e outros filamentosos),
micobactérias e protozoários (Strongyloides stercoralis e Toxoplasma gondii).
Além de agentes infecciosos, causas não infecciosas como síndrome da pega do
enxerto,55 embolia pulmonar, congestão, e pneumonite induzida por quimioterapia
podem justificar quadros pulmonares.
A
investigação do paciente com quadro pulmonar deve conter avaliação da história
clínica com data de início dos sintomas, contato com pessoas com quadros
virais, viagens para locais endêmicos para determinado agente infeccioso, além
de história pregressa de doenças latentes (tuberculose). Exames como hemograma,
gasometria, PCR, antigenemia para CMV e Aspergillus (galactomanana) podem
auxiliar no diagnóstico. Em pacientes com quadro pulmonar e radiografias de
tórax com alterações discretas ou ausentes, uma tomografia de tórax deve ser
realizada.
Infiltrados
difusos podem ser causados por sobrecarga hídrica, que deve ser descartada
antes da solicitação de outros exames (uso de diuréticos, quando indicado). Uma
vez descartada, aspirado nasal para vírus respiratórios da comunidade, cultura
ou pesquisa de antígenos virais faz parte da avaliação sequencial, assim como
lavado broncoalveolar (LBA) com citologia, coloração com prata para P.
jiroveci, coloração de Gram e culturas par vírus, fungos e bactérias. Nos casos
em que todos os exames se mostram negativos, devem-se considerar causas
não-infecciosas (lesão pulmonar por quimioterapia, síndrome da pega ou embolia
pulmonar). Pacientes com suspeita de síndrome da pega ou toxicidade induzida
por quimioterapia podem se beneficiar com uso de corticosteróides (BIII)
(metilprednisolona 0,5 a 1,0 g/d x3 d).
Na
maioria dos casos, terapia empírica com antimicrobianos está indicada.
Pacientes com pneumonia comunitária sem hipóxia, o uso de antibiótico contra
agentes mais comuns é o suficiente. Já naqueles com pneumonia nosocomial,
aconselha-se usar antibióticos de espectro mais amplo. Na presença de hipóxia,
deve-se associar ao esquema antibiótico SMX-TMP (cobertura de P. jiroveci) e
ganciclovir (CMV) (BI).
Infiltrados
localizados são na sua maioria causados por agentes bacterianos e, portanto, a
abordagem inicial consiste em coleta de escarro para Gram e cultura, e início
de antimicrobianos com ação contra bactérias encapsuladas (BII). Pacientes que
evoluem com manutenção ou piora do quadro devem ser submetidos a LBA com
citologia, coloração com prata para P. jiroveci, coloração de Gram e culturas
par vírus, fungos e bactérias. Outros exames como galactomanana podem ser úteis
em pacientes com lesões nodulares, já que aspergilose é uma possibilidade
diagnóstica, especialmente se o paciente estiver no segundo TCPH, ou estiver
recebendo corticosteróides por período longo. Se todos os exames forem
negativos, a biópsia pulmonar está indicada.
Conclusões
As
infecções constituem a principal causa de óbito em pacientes com MM. O risco
maior ocorre nos primeiros meses de após o diagnóstico. Uma variedade de
diferentes patógenos pode acometer esses pacientes, gerando sinais e sintomas
muitas vezes inespecíficos, que dificultam seu diagnóstico. O clínico deve,
então, realizar uma abordagem por risco de infecção, levando em conta
tratamentos atuais e anteriores, assim como a imunossupressão cumulativa
resultante de múltiplo cursos de quimioterapia.
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